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Crédito acelera consumo e eleva pressão por alta no juro

Mercado já prevê que inflação feche 2010 acima do centro da meta; Copom decide Selic amanhã, mas a taxa atual deve ser mantida

A retomada do crédito, aliada à expectativa de alta da renda e do emprego, será mais lenha para o fogo do consumo em 2010 e se tornará o grande desafio para o Banco Central, que terá que conter as pressões inflacionárias decorrentes do maior crescimento econômico.
Mesmo caro, o crédito promete voltar com força total. As expectativas de crescimento do volume de empréstimos do BC e do mercado financeiro variam de 20% a 25%, valor ainda inferior aos 30% registrados antes da crise do final de 2008, mas suficientemente forte para impulsionar a demanda.
Durante reunião ministerial na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) deixou claro que o consumo interno, puxado pelo crédito, será o pilar do crescimento de 5,2% neste ano, depois de um desempenho da economia próximo a zero em 2009.
No cenário de Mantega, isso está em harmonia com preços sob controle. No entanto, a combinação de estímulos já fez acender a luz amarela no BC.
A pesquisa feita semanalmente pelo BC no mercado financeiro (Focus) e divulgada ontem mostra que as expectativas de inflação dos analistas de mercado para 2010 passaram, pela primeira vez, o centro da meta, de 4,5%, e estão em 4,6%.
Por isso, já há uma corrente no BC defendendo que os alertas para uma alta sejam dados agora de forma mais enfática.
Amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne pela primeira vez neste ano para avaliar essas questões. A expectativa é que a taxa Selic seja mantida nos atuais 8,75% ao ano. O mercado aguarda com ansiedade a sinalização que o BC dará no comunicado que será emitido depois.
Normalmente, antes de subir os juros, o BC costuma endurecer o discurso, sinalizando alta futura. Isso faz com que o mercado coloque nos seus preços a possibilidade de elevação lá na frente, encarecendo o custo dos empréstimos já no curto prazo.
Parte da equipe econômica, por outro lado, acredita que juros não são a única alternativa e defende medidas clássicas, como incentivos à importação.
No entanto, há dúvidas sobre o efeito dessa medida. O aumento de importações pode, inicialmente, conter alguma pressão de preços ou até puxar para baixo o valor de produtos nacionais. No momento seguinte, porém, ajuda a aumentar a renda disponível, incentivando ainda mais o consumo.
Mantega também já sinalizou com a retirada dos incentivos, que baratearam produtos como automóveis, móveis e eletroeletrônicos.
A questão é saber se esse arsenal será suficiente para fazer frente à agressividade no crédito prometida pelos bancos.

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