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Empresas retomam investimentos

O levantamento indica que acontecerá uma alta de investimentos no Brasil, entre 2009 e 2012, de 9,6% ao ano, em comparação com o período compreendido entre 2004-2007.

Neide Martingo

Os investimentos indicam um clima de otimismo no ar. Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) comprova que há empresas que retomaram os planos de expansão, engavetados ou adiados em razão da crise internacional – e decidiram apostar no futuro.

O levantamento indica que acontecerá uma alta de investimentos no Brasil, entre 2009 e 2012, de 9,6% ao ano, em comparação com o período compreendido entre 2004-2007. Ou seja, o patamar de investimentos se equipara aos registrados antes da turbulência financeira. O total de recursos previstos em agosto de 2008, para o período de 2009 a 2012, era de R$ 781 bilhões, montante que caiu para R$ 688 bilhões, na fase mais aguda da crise financeira – em dezembro de 2008. Mas em agosto último, o investimento subiu novamente, agora para R$ 731 bilhões.

Entre 2004 e 2007, o total de investimentos na indústria chegou a R$ 281,5 bilhões, uma alta de 9,8%, em comparação com o período entre 2009 e 2012, de R$ 450 bilhões.

Entre as boas notícias divulgadas, destaca-se a de que a Volkswagen está se preparando para anunciar um novo programa de investimentos no Brasil. Além da renovação de produtos, a montadora alemã precisa elevar a capacidade de produção para acompanhar o crescimento do mercado brasileiro que, segundo cálculos da empresa, alcançará 40% até 2014.

Qualidade – De acordo com o diretor da loja de decoração Artefacto, Wair de Paula, a empresa vai lançar uma unidade voltada para produtos de praia e campo, batizada de Artefacto Beach & Country, que vai ocupar um espaço de 5 mil m² na Avenida Brasil, zona sul de São Paulo. A inauguração será no dia 4. Para enfrentar a crise, de Paula reuniu a equipe para cortar custos – menos o quadro de funcionários. "Além de aumentar o número de parcelas para os clientes pagarem as compras, de cinco para dez, a equipe redobrou os cuidados para não perder a venda", diz o executivo. "As reuniões aconteciam até quatro vezes por semana. A crise foi aproveitada para melhorar o trabalho, por meio de pesquisas de comportamento e conhecimento detalhado do produto. Os clientes passaram a comprar menos, mas itens de qualidade – e isso tornou-se um diferencial para a Artefacto. Cada produto foi analisado e o preço foi reduzido. A margem de lucro caiu, mas valeu a pena".

A nova unidade foi planejada por três anos. "A crise atrapalhou um pouco. Mas os projetos imobiliários de grande porte que estão sendo lançados, no campo e na praia mostram que há mercado para a loja que será inaugurada", acrescentou de Paula.
Centro– A Giroflex, fabricante de assentos e de mobiliário corporativo, é outra empresa que resolveu investir na inauguração de um centro de distribuição, que consumiu

R$ 4,5 milhões. "A criação do centro aconteceu em razão da necessidade da modernização do modelo produtivo e da revisão da malha de distribuição. O novo negócio vai permitir a melhor gestão da cadeia de abastecimento e otimização das entregas", afirma o presidente do Grupo Giroflex, Osvaldo Ribeiro.

Segundo ele, a crise trouxe dúvidas em relação à continuidade das estratégias, traçadas num período de cinco anos. Mas a tendência deu a certeza de que os planos deveriam ter continuidade. "As empresas trabalham mais em equipes, por isso, o mobiliário tem que atender a essa necessidade. Temos vários clientes que apontam nessa direção, como por exemplo, a Petrobrás", acrescenta Ribeiro.

Ele diz que o resultado de vendas de 2009 será similar ao do ano passado, mas em 2010, ele aposta num crescimento de 20%. "A expectativa pode ser comprovada com os pedidos de um dos produtos da Giroflex: o piso elevado, que são placas de aço instaladas no chão dos prédios. Isso quer dizer que haverá demanda de mobiliário, já que mais imóveis estão sendo construídos".

Otimismo – O professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP) Manuel Enriquez Garcia afirma que a queda da atividade, provocada pela crise, ainda não foi revertida. Mas tudo indica que a situação vai realmente melhorar. Se compararmos os meses de julho de 2008 e de 2009, será percebida uma queda na atividade da indústria brasileira de 9,9%. "Muita coisa tem de melhorar, para que os níveis sejam equiparados aos registrados antes da crise. Mas a confiança dos empresários está aumentando. Isso significa que os números podem ser recuperados até março de 2010", diz Garcia.

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