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Bancos aumentam lucros no semestre

Apesar da crise, sistema financeiro mantém ganhos e reforça solidez

Vânia Cristino

Enquanto a indústria pena para sair da crise — a produção registrou queda recorde de 13,4% no primeiro semestre do ano —, o sistema financeiro começa a divulgar mais uma safra favorável de lucros, mostrando que o segmento conseguiu passar quase incólume pelo terremoto que varreu o mundo depois do estouro da bolha imobiliária americana. Os balanços referentes aos seis primeiros meses do ano confirmam a solidez dos bancos brasileiros e são um sinal a mais de que o país está preparado para retomar o crescimento de forma sustentável.

Terceiro maior banco do país, o Bradesco informou ontem que lucrou R$ 4,020 bilhões no acumulado entre janeiro e julho, resultado 2,8% superior ao de igual período de 2008. Somente no segundo trimestre do ano, o lucro líquido alcançou R$ 2,297 bilhões, 14,7% a mais do que o apurado no mesmo período do ano passado. A maior parte desse ganho veio das atividades financeiras — crédito, tarifas e aplicações em títulos públicos. Outros 32% foram oriundos das operações com seguros e previdência.

Na semana passada, o Santander Brasil, formado pelos bancos Santander e Real, havia anunciado lucro líquido de R$ 1,874 bilhão no primeiro semestre de 2009 contra R$ 1,651 bilhão de igual período ano passado. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem divulgar seus resultados até o próximo dia 17 e as perspectivas são bastantes favoráveis. “O período mais complicado para os bancos foi o primeiro trimestre. Mas, com a retomada do crédito e da atividade, os ganhos voltaram com tudo”, disse Demétrius Borel Lucindo, analista da Prosper Corretora.

Juros altos

Na avaliação de Lucindo, a recuperação do setor bancário no Brasil foi bastante rápida porque as instituições financeiras são sólidas e não investiram em mercados especulativos, como se viu nos Estados Unidos e na Europa, onde muitos bancos só não quebraram porque receberam grande injeção de capital dos governos — vários praticamente foram estatizados. “Teoricamente, os bancos podem emprestar menos porque ganham muito. As taxas de juros cobradas nos empréstimos aos consumidores e às empresas, no cartão de crédito e no cheque especial são muito altas”, afirmou.

Pelas contas do analista, os juros médios cobrados pelos bancos são pelo menos 10 vezes maior do que a taxa de juros básica (Selic), que está em 8,75% ao ano. No cheque especial e no cartão de crédito, por exemplo, as taxas passam de dígitos, ou seja, estão acima de 100% ao ano, nos empréstimos pessoal estão em 50% anuais. “Assim, é fácil manter os lucros crescentes”, assinalou o analista da Prosper Corretora.

Eduardo Collor, da Corretora Ativa, concorda. Para ele, os números recém-divulgados indicam que a crise está caminhando para o fim. “A cobra está saindo do buraco”, brincou. A seu ver, foi a turbulência iniciada no sistema financeiro mundial que levou a indústria e o comércio para o buraco. “O grande problema da indústria e do comércio foi a falta de crédito”, observou. Ele ressaltou ainda que o setor produtivo só conseguirá sair do limbo no primeiro trimestre de 2010, quando as linhas de crédito terão voltado a todo vapor e a um custo mais baixo, viabilizando os investimentos.

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