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Emprego formal continua frágil

Mercado de trabalho brasileiro produziu 34.818 novas vagas no mês passado, segundo dados do Caged.

Vânia Cristino

Mercado de trabalho brasileiro produziu 34.818 novas vagas no mês passado, segundo dados do Caged. Apesar disso, o primeiro trimestre de 2009 tem saldo negativo de 57.751 postos com carteira assinada

Apesar de positivo, o volume de empregos criados nos meses de fevereiro e março não foi suficiente sequer para deixar o primeiro trimestre de 2009 no azul. Em março, o mercado de trabalho brasileiro produziu um saldo líquido de 34.818 novas vagas. Em fevereiro já tinham sido abertas 9.179. Com a perda de postos de trabalho de janeiro, de 101.748, o primeiro trimestre do ano fechou negativo em 57.751 empregos com carteira assinada. Só para se ter uma ideia de como a crise econômica atingiu o Brasil, basta lembrar que no mesmo período do ano passado o saldo líquido do emprego formal foi positivo em 554.440. Desde que a turbulência chegou ao mercado de trabalho, em novembro de 2008, já foram queimados 753.518 postos.

Nenhum desses números desanima o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Segundo ele, março é o mês da virada do emprego no país. “Estamos virando a página da crise”, assegurou ontem ao divulgar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O ministro admitiu que errou na previsão para o mês de março, quando esperava um saldo positivo de 100 mil novas vagas. “Às vezes a gente exagera no otimismo”, desconversou, criticando os economistas e articulistas que, de acordo com ele, erram muito mais. Lupi evitou fazer estimativas para o mês de abril, mas garantiu que o número será muito mais positivo do que o verificado em março, inclusive com a indústria de transformação passando a inverter a taxa declinante do emprego.

O otimismo de Lupi não deixa de ter alguma razão. Os dados do mercado de trabalho ainda não são bons, mas já foram piores. Em março, por exemplo, dos oito grandes setores de atividade econômica, seis foram positivos, com destaque para os serviços (mais 49.280 postos de trabalho), construção civil (mais 16.123), agricultura (mais 7.238) e administração pública (mais 7.141). Mesmo os setores que foram negativos perderam um pouco menos em relação ao mês de fevereiro. A indústria de transformação, que tinha fechado 56.456 postos de trabalho em fevereiro, fechou 35.775 vagas em março. No comércio a perda de vagas em março foi de 9.697, enquanto que em fevereiro tinha sido de 10.275.

Para o ministro do Trabalho, o desempenho da indústria de transformação mostra claramente que a curva da perda de vagas é decrescente. Lupi atribuiu o resultado ruim do comércio à sazonalidade. “Todo ano o comércio vai mal nos primeiros três meses”, disse. Lupi demonstrou especial satisfação com o fato de a região Sudeste, que reúne os três maiores estados empregadores do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — ter apresentado resultado positivo. Nessa região foram abertas 50.277 vagas. Postos de trabalho foram fechados no Nordeste (menos 40.208) e no Norte (menos 5.601) devido, principalmente, à sazonalidade do cultivo da cana-de-açúcar e à Zona Franca de Manaus (AM).

No Centro-Oeste, os estados que mais abriram vagas foram Goiás (mais 7.914 postos de trabalho) e Mato Grosso do Sul (mais 4.940), seguidos pelo Distrito Federal com a abertura de 3.291 novos postos no mês. Em janeiro, o nível de emprego havia caído no DF com o fechamento de 175 vagas. No acumulado do ano, Brasília já apresenta a criação de 6.511 postos de trabalho. Das 27 unidades da federação, 15 , contando com o DF, apresentaram dados positivos para o mercado de trabalho no mês de março.

Para o mês de abril, Lupi disse que o comércio ainda será negativo. “O impacto, porém, será menor”, assegurou o ministro. A virada da indústria de transformação, segundo Carlos Lupi, provará que a política de apoio do governo está certa: “Os estoques estão diminuindo e já aparecem novas encomendas”, afirmou.

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