Notícias

Medidas de combate à crise somam R$ 475 bilhões no Brasil

Valor inclui todas as ações, inclusive as que não têm impacto no caixa do governo.

Agência Estado/BBC Brasil

Desde setembro do ano passado, o governo brasileiro já anunciou medidas de combate à crise econômica que somam R$ 475 bilhões. O valor inclui todas as ações, inclusive as que não têm impacto no caixa do governo, como a liberação do compulsório bancário.

Somente as medidas do Banco Central, entre elas mudanças na regra do compulsório (dinheiro dos bancos retidos pelo BC), leilões com dólar e linha de troca de moeda com o Federal Reserve (FED), somaram R$ 284 bilhões.

As decisões começaram a ser tomadas há seis meses, com a quebra do banco Merrill Lynch, nos Estados Unidos. Na primeira fase, o governo brasileiro deu prioridade a medidas que facilitariam o acesso ao crédito.

Já as medidas de impacto fiscal, como isenção de impostos e aumento dos gastos, foram adotadas depois. A maior delas foi anunciada em dezembro, com a redução do Imposto de Renda e do IPI sobre carros, que resultou em um impacto de R$ 9 bilhões.

Mais recentemente, o governo anunciou medidas de estímulo na área de infraestrutura, com o pacote habitacional, que deverá movimentar R$ 34 bilhões.No total, as medidas anunciadas pelo governo correspondem a 17% do PIB. Mas os especialistas afirmam que essa conta seria "muito generosa". "O dinheiro do compulsório não é dinheiro do governo, mas sim dos bancos", diz o economista Márcio Garcia, da PUC-Rio.

Algumas instituições internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Brookings Institution, de Washington, preferem calcular apenas aquilo que afeta diretamente o caixa dos governos, como isenções fiscais e gastos diretos.Por esse critério, as medidas anunciadas pelo Brasil correspondem a 0,5% do PIB.

É menos do que o recomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que sugere gastos de 2% do PIB. Em seu relatório, divulgado em março, a Organização Internacional do Trabalho apontou o Brasil como o país que menos gastou no combate à crise, de uma lista de 30 economias.Entre os que mais efetivamente colocaram a mão no bolso, segundo a OIT, estão a China e a Arábia Saudita. No pé da lista aparecem Brasil, Itália e Índia.

Ação coordenada

Uma das recomendações da declaração de Londres, endossada pelos membros do G20, é de que os países devem gastar ainda mais para reativar a economia mundial. O desafio é fazer com que as medidas sejam adotadas de forma coordenada. Ou seja, todos devem gastar mais e de acordo com o peso de suas economias.O economista Kevin Gallagher, da Universidade de Boston, diz que a ação coordenada é condição "essencial" para a retomada do crescimento."As economias de cada país estão ligadas. Por isso, não adianta um país estimular sua economia se o outro não está fazendo nada", diz.

No entanto, diz o economista, é difícil mensurar até que ponto cada um pode esticar o déficit fiscal."Os Estados Unidos podem ter um déficit público alto, mas o Brasil, não. Os investidores adotam o critério de dois pesos e duas medidas quando comparam países ricos e em desenvolvimento", diz.

'Pouco e errado'

O Brasil já vê os efeitos da crise nas contas públicas. O superávit primário do governo (receita menos despesas, exceto juros) deverá cair 1,3 ponto percentual este ano, para 3,3% do PIB.A diferença, porém, tem pouco a ver com a crise. O aumento dos gastos é verificado, principalmente, em despesas de custeio, como por exemplo o aumento de salário de servidores."Tivemos uma deterioração nas contas que não têm nada de medida anticíclica", diz o professor Márcio Garcia, da PUC-Rio.

"O Brasil fez pouco e fez muito do que não devia".O economista Flávio Salto, da Tendências, diz que o governo brasileiro corre o risco de colocar um "peso excessivo" na política monetária. Segundo ele, a redução dos juros é "válida e bem-vinda", mas é uma medida de médio prazo."Não adianta apenas reduzir os juros. O governo terá de refazer as contas para investir mais. Tem que gastar, mas para isso terá de encontrar algum lugar para cortar", diz.

voltar

Links Úteis

Indicadores diários

CompraVenda
Dólar Americano/Real Brasileiro6.0856.088
Euro/Real Brasileiro6.34126.3573
Atualizado em: 20/12/2024 20:59

Indicadores de inflação

09/202410/202411/2024
IGP-DI1,03%1,54%1,18%
IGP-M0,62%1,52%1,30%
INCC-DI0,58%0,68%0,40%
INPC (IBGE)0,48%0,61%0,33%
IPC (FIPE)0,18%0,80%1,17%
IPC (FGV)0,63%0,30%-0,13%
IPCA (IBGE)0,44%0,56%0,39%
IPCA-E (IBGE)0,13%0,54%0,62%
IVAR (FGV)0,33%-0,89%-0,88%