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Agora dá para sair do aluguel
Os estandes de vendas receberam um grande número de pessoas interessadas na casa própria.
Centenas de pessoas foram aos estandes à procura de imóveis que se encaixam nas condições do pacote lançado na semana passada
No primeiro fim de semana após o anúncio do pacote habitacional, vários estandes de vendas de imóveis em São Paulo tiveram movimento acima da média. Atraídos por facilidades como subsídio do governo e taxas de juros mais suaves para o financiamento da casa própria, centenas de pessoas foram buscar informações direto nas construtoras.
"Chegou a hora de comprar", afirma o analista de suporte de vendas José Francisco de Almeida Júnior. Com renda mensal de R$ 6 mil, ele se informou sobre as condições do projeto do governo durante a semana. No sábado, visitou dois estandes de vendas na zona norte, à procura de um imóvel na faixa de R$ 100 mil a R$ 150 mil. "O pacote vai ajudar a diminuir os juros do financiamento na Caixa Econômica Federal, após a entrega das chaves", disse o futuro comprador, que pretende adquirir um apartamento para morar com a namorada, a analista de sistemas Kátia Vieira Oliveira. Hoje, vive na casa dos pais. Kátia paga aluguel de R$ 400 por um apartamento em Osasco (SP), na região metropolitana.
Em três estandes de vendas localizados na região, o movimento de clientes era intenso. Segundo a gerente de vendas de um dos lançamentos, voltado ao segmento popular, cerca de 40 propostas foram registradas entre sábado e domingo. Durante a semana, eram cerca de quatro visitas diárias. Lançado há uma semana, o empreendimento já teve 30% de suas 182 unidades vendidas. O imóvel custa cerca de R$ 100 mil e tem 90% do financiamento garantido pela Caixa.
Com o slogan "Agora dá", a Living, marca da incorporadora Cyrela para a baixa e média rendas, que recebia clientes ontem em um de seus lançamentos, na Freguesia do Ó. Assim como a Living, outras empresas imobiliárias estão usando o pacote habitacional como estratégia de vendas. A Tenda, especializada em imóveis para a baixa renda, colocou em seu site um guia com informações sobre o plano. Ontem, mais de 10 mil interessados já haviam baixado o arquivo. Em uma de suas lojas, na zona oeste, o cartaz convidava os consumidores a comprar e "sair do aluguel". Segundo o gerente, o movimento nos últimos dois dias esteve acima da média de outros fins de semana.
Desafio – Com o pacote habitacional anunciado na semana passada, a moda é o imóvel popular. Num mercado congelado pela restrição de crédito e pela falta de comprador, é o único filão no qual haverá dinheiro farto. Com isso, deve surgir na indústria um "efeito manada", atraindo de empresas tradicionais, focadas na alta renda, até as novatas.
"O grande desafio das construtoras é ocupar esse novo espaço", afirma Rubens Menin, presidente da MRV, uma das poucas que constrói para o segmento econômico desde a sua origem, na década de 1970. "O mercado não sabe trabalhar com baixa renda. O imóvel econômico para as construtoras é o de R$ 200 mil e isso não atinge nem 20% da demanda das famílias", diz a professora de planejamento urbano da USP, Ermínia Maricato.
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