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Micro e pequenas empresas brasileiras batem recorde de exportação

Regina Xeyla A cada ano, aumenta a participação das micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras. Em 2007, o valor exportado por esse segmento bateu recorde histórico de US$ 2,1 bilhões, com alta de 12,4% em relação ao ano anterior e crescimento médio de 11,4% nos últimos cinco anos. O valor médio individual exportado pelas empresas do segmento também vem crescendo firmemente nos últimos anos, atingindo US$ 163,9 mil em 2007, com alta de 12,5% em relação ao ano anterior e média de 10,5% nos últimos cinco anos. Esses e outros dados referentes ao desempenho das exportações brasileiras ao longo de uma década constam no estudo 'As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira – Brasil e Estados - 1998/2007', divulgado no início deste mês de dezembro. Encomendado pelo Sebrae à Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), o estudo é feito com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e de outros órgãos. A base reúne e ainda cruza informações de outros órgãos sobre todas as cerca de 13 mil micro e pequenas empresas brasileiras que exportaram no período 1998-2007. O documento serve como referência para ações de internacionalização de micro e pequenas empresas promovidas pelo Sebrae e por instituições parceiras. "Esse estudo é a consolidação de algumas tendências que vêm se cristalizando desde 1998. Por meio dele, podemos constatar quais são as dificuldades que as empresas encontram para se manter no mercado externo, as oportunidades existentes, as experiências exitosas", explica o gerente de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, Pio Cortizo. Acompanhando o ritmo geral das exportações brasileiras, as empresas de pequeno porte atuaram em 2007 essencialmente nos ramos industrial e comercial, de forma que 59% das empresas exportadoras em 2007 (7.670 firmas) pertenciam ao ramo industrial e 35% (4.550 firmas) eram do ramo comercial. Entre as microempresas registrou-se uma redução do número de firmas em todos os setores, com exceção da agropecuária. O inverso ocorreu entre as pequenas empresas, com aumento do número de empresas em todos os casos, inclusive no ramo industrial, mas com exceção da agropecuária. Com relação ao valor exportado, o ramo da indústria respondeu por 60,1% do valor exportado pelas micro e pequenas empresas em 2007, o que representa um montante de US$ 1,3 bilhão. O comércio veio em seguida com 33,6% do total exportado, e por último o ramo de serviços com 0,2%. Entre as microempresas especiais (que empregam pouco e exportam muito) as firmas industriais respondem por 60,1% do total nesse mesmo ano, contra 33,9% das comerciais. O valor exportado por essas empresas dividiu-se em partes semelhantes entre os ramos de indústria e comércio, que registraram participações de 49,4% e 42,8% no ano passado. O número de micro e pequenas empresas exportadoras não tem acompanhado o crescimento de valor exportado. Esse dado manteve-se estável em 2007 com relação à 2006 (12.986 contra 13.001). Nesse período houve crescimento de apenas 1,6% no número de pequenas empresas exportadoras e redução de 2,3% no número de microempresas. De acordo com o estudo, esse fato ocorre desde 2004, quando a queda do número de micro e pequenas empresas contrasta com a relativa estabilidade no número de MP especiais e de firmas de porte médio e com o aumento de 5,1% no número de grandes empresas exportadoras. Internacionalizar e diversificar Os dados apurados no estudo servirão de subsídio às ações do Programa de Internacionalização de Micro e Pequenas Empresas lançado em outubro deste ano pelo Sebrae. Por meio desse programa, estão sendo desenvolvidas, adaptadas e implementadas soluções que contribuam para um posicionamento mais competitivo das empresas também no mercado doméstico, cada vez mais globalizado. O programa já está sendo implementado em vários estados: Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Bahia, Alagoas, Paraíba, Ceará, Rondônia e Acre. Os dois primeiros estados são projetos-piloto e contam com o apoio do Sebrae Nacional. Os demais estados estão na primeira fase do programa, que é a realização do autodiagnóstico da empresa. Esse levantamento possibilita que o empresário fique sabendo qual é o perfil da sua empresa, se tem potencial para se internacionalizar. A segunda fase consiste no Plano de Qualificação. "Mais de 600 empresários já realizaram o autodiagnóstico de suas empresas pela internet. Também já estão disponíveis dois cursos on line gratuitos, que abrangem os principais temas para quem quer conhecer e desenvolver competências para exportar", explica a gestora do Programa de Internacionalização, Louise Machado. Países de destino Outra informação importante revelada pelo estudo diz respeito à pauta de exportação das micro e pequenas empresas. Ela é bastante diversificada em termos de países de destino. Ou seja, diferentemente das grandes, as empresas de menor porte estão buscando cada vez mais a diversificação de mercados. Mais de 60% das exportações das microempresas em 2007 ainda são destinadas a três blocos de países: União Européia, com montante de US$ 35,8 milhões e participação de 22,5% Mercosul, com vendas de US$ 33 milhões e participação de 20,7% e Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) com US$ 30 milhões e 18,8%. Em termos de crescimento em relação ao ano anterior, contudo, o melhor desempenho foi registrado nas exportações para os 'Demais Países', com crescimento de 23,4%, já alcançando uma participação de 14% nas vendas de microempresas. “As micro e pequenas empresas têm buscado novos mercados e novas formas de se internacionalizar. A estratégia é extremamente relevante quando nos deparamos com a atual crise financeira internacional, bastante intensificada nos Estados Unidos e Europa”, explica Louise. Ela alerta “é bom buscar novos mercados, como África e América do Norte”. As exportações das pequenas empresas têm uma composição não muito diferente das de micro porte. No ano passado, 23,2% dessas exportações tiveram como destino a União Européia, com valor correspondente a cerca de US$ 460 milhões. Em seguida, com praticamente o mesmo patamar de importância, encontram-se os países do Mercosul e os demais países da Aladi, com participações de 18,6% (US$ 365,4 milhões) e 18,5% (US$ 363,6 milhões), respectivamente. As vendas para os Estados Unidos e o Canadá tiveram uma participação de 17% no total exportado pelas pequenas empresas em 2007 (US$ 334,4 milhões) os Demais Países responderam por 14,5%, restando aos da Ásia-Pacífico 8,3% do total. Metodologia O estudo encomendado pelo Sebrae tem como metodologia a atualização dos valores comercializados segundo o índice de preços utilizados nas exportações. "A correção permite uma comparação real entre valores exportados anteriormente e os do presente, de acordo com a variação do índice de preço das exportações brasileiras, calculado regularmente pela Funcex", explica Emanuel Malta, analista técnico da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae. Outro aspecto da metodologia foi a classificação das empresas conforme os limites de receita bruta anual previstos na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que são de até R$ 240 mil (US$ 120 mil) para as microempresas e de até R$ 2,4 milhões (US$ 1,2 milhão) para as pequenas. Em 2007 haviam 13 mil micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras com esses perfis. O terceiro aspecto foi a inclusão nessa base de dados das exportações realizadas por meio do Despacho Simplificado de Exportação (DSE). Embora a inclusão dessas operações não produza grande impacto no valor total exportado pelo Brasil, demonstra um aumento expressivo no número de empresas exportadoras, principalmente as micro e pequenas.
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