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Crise ainda não afeta o consumo

Mário Tonocchi As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), termômetro das vendas a prazo, registraram crescimento de 1,4% entre os dias 1 e 27 de outubro de 2008, comparadas a igual período em 2007. Já as feitas ao SCPC Cheque, indicador das vendas à vista, caíram 4,5%. Os números parecem refletir o comportamento de um consumidor mais cauteloso em relação aos efeitos da crise internacional. De janeiro a setembro deste ano, as consultas ao SCPC e SCPC Cheque, aumentaram, na média, 8,3% e 5,6%, respectivamente. "De acordo com as previsões, o Brasil reage bem diante da crise mundial", disse, ontem, o presidente da ACSP, Alencar Burti. De acordo com o economista Emílio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP, a redução nas consultas do SCPC Cheque nos 23 dias úteis de outubro mostra muito mais uma transferência do cheque para outros meios de pagamento, como os cartões, do que uma retração do consumo. "Em relação à disposição de comprar, vamos esperar a pesquisa Ipsos/ACSP sobre o otimismo do consumidor até o próximo dia 10 de novembro. Mas temos notícias de outros levantamentos, como da Fundação Getúlio Vargas (FGV), indicando que o otimismo continua alto." Para Alfieri, 2008 deve terminar com forte aumento nas vendas do comércio varejista. Pesquisa do Ibope Inteligência, divulgada ontem, mostra um consumidor mais cauteloso na hora de comprar. O trabalho revela que os efeitos da crise já são percebidos pela população das classes C e D. Apenas 13% não acreditam que a crise trará conseqüências para seu orçamento. Para 45% dos entrevistados, o final do ano será mais apertado do que o do ano passado. Para 31% será igual ao de 2007, e 21% prevêem um Natal gordo neste ano. Na pesquisa, representantes das classes C e D informam já terem feito reduções no orçamento com a crise: 26% cortaram nos alimentos, 24%, no lazer, e 20% declararam ter deixado de pagar alguma prestação. O ânimo para a festa, no entanto, continua. Apenas 12% pretendem reduzir as despesas com alimentos especiais para festas do final deste ano. Para 23% dos entrevistados, a economia brasileira vai continuar a crescer no mesmo ritmo atual. Outros 56% entendem que a expansão será mais lenta, e para 18% não haverá crescimento durante a crise. O Ibope entrevistou 400 pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Distrito Federal. "As pessoas não estão tão ligadas à crise. Eu mesmo não estou", disse a comerciante Michele Alves que compra bijuterias na Rua 25 de Março para revender em bairros da periferia de São Paulo. "O Natal deste ano será muito bom. As pessoas vão comprar peças mais baratas para presentear mais gente", afirmou. "A hora é de poupar", disse a aposentada de Vitória (ES), Teresinha Paraíso, quando passeava pelo centro de São Paulo com a filha Rosângela, para comprar roupas de cama. "Temos que ter esperança. O Brasil vai passar pela crise e ficar beml", disse o pizzaiolo e padeiro João Vasconcelos que, nas datas de grande consumo, como o Natal, monta lojas para vender produtos sazonais no centro de São Paulo.
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